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"Ceará muito fora da Lei": Icó é destaque na Revista de História da Biblioteca Nacional

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O uso de armas pela população em geral é um tema polêmico, mas o debate não é dos dias de hoje. Atravessa séculos.

A prova disso foi apresentado na edição de agosto pela edição de agosto da Revista de História da Biblioteca Nacional, que com a matéria "Ceará muito fora da Lei" apresenta uma província onde "banhos de sangue eram prática cotidiana na capitania, onde sobravam armas e faltavam cadeias e justiça".

CÂMARA DE ICÓ A matéria tem início afirmando que "os nomes dos lugares podem revelar muito sobre a sua história".  E no Ceará Coloninal, os nomes se apresentavam nas diversas localidades cearenses: Batalha, Emboscada, Almas, Tocaia, Riacho da Cruz, Riacho do Sangue, Riacho dos Defuntos, Lagoa dos Órfãos.

O texto, assinado pelo historiador José Eudes Gomes, autor da dissertação de mestrado que se transformou no livro "As Mílicias D'el Rey: Tropas Militares E Poder No Ceará Setecentista", destaca que no cotidiano das vilas e dos sertões do Siará "a violência era regra".

As formas de violência se dividiam em "ameaças, tocaias, atentados, vinganças, roubos, estupros, agressões e assassinatos eram causados pelas mais diversas motivações: desavenças pessoais, rixas entre famílias, cobrança de dívidas, embriaguez, adultérios, defloramentos, discussões banais e até mesmo fofocas" e ainda "disputas por limites de terras e partilhas de heranças também estavam entre as principais causas de agressões e homicídios no Ceará".

"Neste contexto, a população tinha o hábito de andar armada com "facas, punhais, espingardas, bacamartes e pistolas [...], apesar das diversas leis decretadas pelo rei português proibindo o uso de armas brancas e de fogo na América portuguesa".

Na época de fins do século XVIII entra o Senado do Icó, como também era conhecida a Câmara de Vereadores. O ouvidor da província do Siará, Victorino Barbosa, tentou aplicar a legislação que proibia o uso de armas na província do Siará, mas "os vereadores da vila de Icó escreveram diretamente ao rei afirmando que o uso das armas era uma necessidade no Ceará, segundo eles, infestado por feras, assaltantes e matadores", continua a matéria.

A matéria prossegue e se encaminha para o desfecho com a assertiva de que "numa região onde a criação de gado consistia na atividade econômica mais importante, as boiadas eram o principal objetivo da cobiça dos gatunos de plantão", fato este que também envolvia o Icó em razão do charque e do couro do gado.

REVISTA DE HISTÓRIA A Revista de História da Biblioteca Nacional, juntamente com o site do periódico, são publicações da Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional [Sabin], com apoio do Ministério da Cultura e patrocínio da Petrobras e outras grandes empresas, sob o amparo da Lei Rouanet. Mensalmente a edição traz à tona temas históricos com o debate para os dias atuais, contribuindo para o resguardo da memória presente, sobretudo, na Fundação Biblioteca Nacional.

* Imagem - Desenho de Ferdinand Denis, do século XIX, mostra o transporte de algodão pelo sertão. Era preciso andar armado para proteger a mercadoria [Fundação Biblioteca Nacional]

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